Saúde Oral em crianças de Viana do Castelo: perspetiva do médico dentista versus encarregados de educação

Abstract

Introdução: A saúde oral é essencial para o desenvolvimento das crianças. No entanto, enfrenta obstáculos como a ansiedade e o medo, a perceção de necessidade e os relacionados com o acesso aos serviços de saúde oral. Objetivos: Compreender os hábitos, perceção do estado de saúde oral, opinião sobre o acesso e satisfação com os serviços de saúde oral em crianças dos 6 aos 10 anos no concelho de Viana do Castelo, sob a perspetiva dos Encarregados de Educação (EE) e dos Médicos Dentistas (MD). Materiais e Métodos: Foi realizado um estudo observacional e transversal. A recolha de dados realizou-se através da aplicação de um questionário aos EE e aos MD. Realizou-se a análise estatística descritiva, seguida da análise inferencial, com um nível de significância de 0,05. Resultados e Discussão: A amostra incluiu aproximadamente 48% dos MD e 27% dos EE do concelho. O aconselhamento a grávidas foi valorizado por 95,8% dos MD e 92,1% dos EE, o que está de acordo com as recomendações da literatura. A perceção da utilização do cheque- dentista foi significativamente diferente (p < 0,001) para os EE 68,8% e MD 88,9%, sendo estas percentagens semelhantes às de outros estudos nacionais. Nenhum MD 0% e apenas 6,4% EE consideraram que a primeira consulta ocorreu durante o primeiro ano da criança (p < 0,001), observando-se uma discrepância em relação às recomendações da literatura. Segundo 67,3% dos EE e 22,2% dos MD (p < 0,001), o motivo mais comum da primeira consulta é rotina. O resultado reflete que a maioria dos EE desconhece a existência de necessidade de tratamento. Conclusões: É fundamental educar os pais sobre a importância das consultas regulares desde cedo, reduzir a ansiedade das crianças, melhorar a comunicação entre médicos dentistas e pais, e alinhar as expectativas sobre saúde oral entre ambos os grupos.

Introduction: Oral health is essential for children's development. However, it faces obstacles such as anxiety and fear, perception of need, and access to oral health services. Objectives: To understand habits, perception of oral health status, opinions on access, and satisfaction with oral health services in children aged 6 to 10 in the municipality of Viana do Castelo, from the perspective of Guardians (EE) and Dentists (MD). Materials and Methods: An observational and cross-sectional study was conducted. Data was collected through a questionnaire administered to EE and MD. Descriptive statistical analysis was followed by inferential analysis with a significance level of 0.05. Results and Discussion: The sample included approximately 48% of MD and 27% of EE from the municipality. Counseling pregnant women was valued by 95.8% of MD and 92.1% of EE, which is in accordance with the recommendations in the literature. The perception of using the dental voucher was significantly different (p < 0.001) for EE 68.8% and MD 88.9%, with these percentages being similar to those of other national studies. No MD 0% and only 6.4% EE considered that the first consultation occurred during the child's first year (p < 0.001), observing a discrepancy in relation to the recommendations in the literature. According to 67.3% of EE and 22.2% of MD (p < 0.001), the most common reason for the first consultation is routine. The result reflects that the majority of EE are unaware of the need for treatment. Conclusions: It is essential to educate parents about the importance of regular check-ups from an early age, reduce children's anxiety, improve communication between dentists and parents, and align expectations about oral health between both groups.