Progresso e desafios recentes na terapêutica da tuberculose resistente

Abstract

A tuberculose (TB) é uma das doenças infeciosas mais antigas no planeta e, ainda assim, mantém-se um urgente problema da saúde pública mundial. A TB resistente é o principal obstáculo no controlo e tratamento da doença. A Organização Mundial de Saúde (OMS) preconiza regimes terapêuticos diferenciados, tendo em conta a forma de TB, mas todos são longos e envolvem a combinação de inúmeros fármacos. Na última década, uma série de novos fármacos têm sido implementados nesses regimes, desde novos antibióticos em ensaios clínicos, a reaproveitamento de outros, a abordagens inovadoras de terapias dirigidas ao hospedeiro (HDT) e imunoterapias. Estas soluções diferenciam-se de opções anteriores pela sua maior eficácia e menor toxicidade. A resistência intrínseca e adquirida de Mycobacterium tuberculosis (Mtb) veio limitar as opções farmacológicas. Porém, a evolução da sequenciação genómica permitiu elucidar significativamente a nossa compreensão dos mecanismos de resistência aos antibacilares. Ao identificar mutações predominantes, estes avanços auxiliarão no desenvolvimento de um melhor diagnóstico para uma gestão mais eficaz da TB resistente e facilitarão o desenvolvimento de novos fármacos. O alicerce da terapêutica contra a TB é o seu diagnóstico precoce, seguido de um tratamento eficaz. Contudo, é importante perceber qual a sua acessibilidade, o custo, a influência da co-infeção TB-HIV, como abordar os vários efeitos adversos e promover o cumprimento dos planos terapêuticos, entre outros. Só mitigando também estes desafios será possível minimizar o impacto da TB resistente e, eventualmente, aspirar à sua erradicação.

Tuberculosis (TB) is one of the oldest infectious diseases on the planet and yet, it remains an urgent global public health problem. Resistant TB is the main obstacle to controlling and treating the disease. The World Health Organisation (WHO) recommends differentiated therapeutic regimes, depending on the form of TB, but they are all long and involve a combination of numerous drugs. In the last decade, a series of new drugs have been implemented in these regimens, from new antibiotics in clinical trials, to the reuse of others, to innovative immunotherapy approaches. These new solutions attempt to present a more effective and less toxic alternative to traditional regimens. The intrinsic and acquired resistance of Mycobacterium tuberculosis (Mtb) has limited pharmacological options. However, the technological evolution of genomic sequencing has significantly elucidated our understanding of the mechanisms of resistance to antitubercular medications. By identifying predominant mutations, these advances will help to design better diagnostics for more effective management of resistant TB and facilitate the development of new drugs. The foundation of anti-TB therapy is early diagnosis, followed by effective treatment. However, it is important to understand its accessibility, cost, the influence of the TB-HIV co-infection, how to address the various adverse effects and promote compliance with therapeutic plans, among others. Only by mitigating these challenges will it be possible to minimize the impact of resistant TB and, eventually, aspire to its eradication.