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Presença e/na ausência do ator: do teatro não teatral de Grotowski e Kantor à cena contemporânea
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Teatralidade expandida : presença e ausência entre corpos-objetos na cena contemporânea
Publication . Piva, Bruno Leal; Coelho, Rui Manuel Pina; Manuel, Pedro António Cardoso Rodrigues
Esta tese explora os desafios estéticos e pedagógicos sobre a presença e a ausência do ator na cena contemporânea, a partir das interações indissociáveis entre o humano e o inumano, rompendo dicotomias em quatro momentos estruturais. O primeiro compõe-se por um percurso trans-histórico dos estudos de teatro e de performance, amparado por teorias de artistas e de críticos do teatro. Com foco contínuo na indispensabilidade do “outro” nas inter-relações, inicialmente resgata-se a iminência do inumano como ator na produção de teatralidade, através de autômatos, maquinarias, marionetes e atmosferas oníricas, em compasso aos preconceitos contra a mimese humana. Contra a fixação ontológica de conceitos, confrontam-se e conectam-se ideias de teatralidade, de antiteatralidade e de performatividade, como movimentos interdependentes um do outro. Sob a égide da produção como percepção, e vice-versa, discutem-se a cena e as ações do ator, propondo-se uma teatralidade expandida operacional composta pelo cruzamento de arte, filosofia, ciência e tecnologia. No segundo momento, constroem-se pontes entre princípios norteadores de Kantor e Grotowski, por meio dessa teatralidade expandida aplicada às interações humano-inumano em suas fases artísticas, integrando disciplinas não artísticas influentes de seu tempo, especialmente a psicologia de Jung (inconscientes individual e coletivo), a fenomenologia de Merleau-Ponty (percepção) e de Lévinas (alteridade), além da interdisciplinaridade filosófica de Gumbrecht. O inumano estende-se a objetos, manequins, elementos da natureza, espectros, fantasmagoria, impulsos, matérias, entidades visíveis e invisíveis, mitos-arquétipos e inconsciente, e, reciprocamente com o humano, compõe um corpo-objeto. Princípios como fenômenos, guiarão e serão guiados no terceiro momento pela intermidialidade do teatro-cinema e do teatro robótico, que são representados por câmeras, imagens e robôs. Estes inumanos, mídias articuladas aos humanos, corpos-objetos, refletem a presença e os efeitos de ausência do ator no espaço cênico hipermidiático, propondo novos modos de sua presença com o apoio de filosofias mais recentes herdadas de Merleau-Ponty, como a de Lévy (virtual e inteligência coletiva) e a de Didi-Huberman (percepção), e iniciando o diálogo com outras plurais, como as teorias dos afetos (linhagem spinoziana/deleuziana) e do pós-humanismo. Com estas, as neurociências e a robótica, e sob os domínios HHI e HRI, ampliam-se no quarto momento, quando quatro espetáculos contemporâneos contribuirão para desenvolver a qualidade funcional da teatralidade expandida, operacionalizando ação e cena. Analisam-se as interações humano-inumano transdisciplinarmente em dois espetáculos com atrizes humanas e dois sem atores: 1) câmera, atriz e espectador, 2) máquinas, materialidades e espectador; 3) andronoide e espectador, 4) ginoide, atriz e espectador. Partindo das investigações entre teatro e neurociências de Gabriele Sofia, e duma neurofenomenologia que integra a neurociência cognitiva e a fenomenologia, sugere-se, em conclusão, a necessidade de criação duma neurofenomenologia do teatro, para fomentar a integração entre inteligência artificial e inteligência coletiva. Considera-se, assim, a conexão dos fenômenos, como os de Kantor e Grotowski, com ênfase em seus pensamentos sobre o objeto e as ações físicas, para uma transculturação e uma diversidade humana na regeneração teatral com todos os elementos inumanos, naturais e artificiais.
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Fundação para a Ciência e a Tecnologia
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2020.04605.BD